quinta-feira, 24 de abril de 2008


À MODA DA DITADURA, PREFEITURA DE MONTES CLAROS TENTA CALAR ESTUDANTES


"Grupo tático da PM", semelhante ao já famoso Bope, protagoniza cenas de violência e terror durante manifestação pelo meio-passe na cidade. Estudantes revoltados puxam palavra de ordem: Athos, pede pra sair!


Nesta quinta-feira (24), 3.000 estudantes saíram às ruas da cidade de Montes Claros – Norte de Minas Gerais - cobrando o compromisso feito pelo atual prefeito, Athos Avelino (PPS), na última manifestação realizada no dia 27 de março. Nesta ocasião, 5.000 estudantes se mobilizaram para fazer valer o direito do meio-passe nos transportes públicos da cidade. Na ocasião, (27 de março) os estudantes conseguiram ser ouvidos pelo Vice-Prefeito Sued Botelho (PT) e o presidente da Transmontes (empresa de transporte público de Montes Claros) que se comprometeram em realizar a formação de uma comissão, na qual os estudantes teriam vez e voto nas discussões do benefício. Solicitaram um prazo de 45 dias para elaborarem o projeto e se comprometeram em debater com os estudantes os dados da proposta. Entretanto, passado quase um mês do prazo solicitado por eles, os estudantes saíram novamente nesta manha de quinta-feira (24) em protesto pelas ruas da cidade, tendo como destino a Prefeitura Municipal de Montes Claros. Após ocuparem o canteiro da prefeitura, os 3.000 estudantes tiveram a notícia que o prefeito não estava na mesma. Dessa forma, esperaram quinze minutos (referente aos 15 anos de espera pela aprovação do meio-passe) antes de anunciar a ocupação do prédio da prefeitura. Passada meia hora, os estudantes ocuparam o salão principal da prefeitura, reivindicando a presença do prefeito Athos Avelino para discutir pessoalmente, desta vez, sem enviar representante. O acordo feito pelas entidades estudantis e tramitado pelo vereador do PCdoB Lipa Xavier (autor do Projeto de Lei do Meio-passe estudantil em Montes Claros) consistia em que se o Prefeito se reunisse pessoalmente, os estudantes desocupariam o salão da prefeitura e aguardariam do lado de fora. Entretanto, Athos Avelino não apareceu, nem mesmo o vice-prefeito Sued Botelho –PT, o qual tinha conduzido às negociações do último dia 27 de março. O presidente da Câmara Municipal Cori –PPS, se comprometeu em conversar com o prefeito para que o mesmo comparecesse, porém, o prefeito sequer atendeu o telefone. Em protesto, os estudantes sentaram-se no chão e anunciaram a ocupação, que poderia ficar até mesmo dias, caso não fossem recebidos pelo prefeito. Em represália, a tropa de choque e o grupo tático da PM lançaram sprey de pimenta nos estudantes (menores de idade) forçando os mesmos a saírem da sala principal do prédio. Muitos foram carregados por colegas, pois estavam desmaiando e sendo sufocados. Após grande parte de eles saírem do prédio, um forte esquema de segurança da PM empurrou com escudos e cassetetes os estudantes escadaria abaixo. A partir deste momento, as fortes represálias se iniciaram, pois, as lideranças estudantis que permaneceram no prédio da prefeitura, tiveram anunciado voz de prisão. Cerca de quinze diretores municipais e estaduais foram presos, e até o fechamento desta matéria ainda não haviam sido libertados.
O caos se instaurou no momento em que um estudante tentou sair da prefeitura e foi agarrado por um policial que tentava prende-lo. O estudante revoltado reagiu e logo mais três policiais tentaram imobiliza-lo. Enfurecida, a multidão de estudantes partiram para intervir na prisão, que foi logo dispersada por tiros de borracha e bombas de efeito moral e de pimenta. Até este momento foram 23 estudantes feridos por balas de borracha e estilhaços de bombas. Uma estudante de treze anos teve o seio cortado profundamente por um destes estilhaços tendo de ser levada para a Santa Casa para que fosse tratada.
A jovem estudante Lunny Pereira foi empurrada escada abaixo e desmaiou. Uma senhora que estava dentro da Prefeitura pra pagar o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) foi jogada escadaria abaixo. O engenheiro agrônomo Frederico Lima, ex-coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Viçosa (DCE-UFV), foi mordido por um cão e teve seu braço ferido por uma bala de borracha. Daniel Dias, estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), foi agredido por diversas vezes e também empurrado escada abaixo.
Esses são apenas alguns relatos da violência vivenciada hoje nesse vergonhoso dia pra nossa cidade.
Nesse momento, estão prestando depoimento o presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-MG), Diogo Santos, o presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Flávio Nascimento, o presidente da União da Juventude Socialista (UJS) em Montes Claros, José Lousada Neto, a vice-Minas da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Luiza Lafetá, o diretor de políticas institucionais da UBES, Thiago Mayworn, além do diretor estadual da UJS, Danniel Coelho.
Foram presos mais de 20 estudantes, sendo que quinze deles são diretores municipais e estaduais.
Faça o Download dos vídeos da 2ª manifestação do meio-passe estudantil
Vídeo1
Vídeo2

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